Por João Carlos Nogueira, sociólogo – Coordenador Executivo da Reafro
Uma Abolição!
Não é retórica! Você quer uma Nação de verdade?
O Brasil, em seus 518 anos de saques e espoliação, já teve algumas oportunidades de fazer um acerto de contas com a sua verdade histórica e civilizatória. Mas não quis e parece não querer!
As elites do poder real querem um País para poucos. Colocaram nas suas planilhas de conta e métodos que povos indígenas e negros seriam banidos. Os primeiros, mais de 5 milhões de nativos, seriam exterminados. Hoje somam em torno de 1 milhão. Quanto ao povo negro, destes, a miscigenação e a falsa teoria do branqueamento dariam conta! Uma sandice, do ponto de vista da ciência e do conhecimento, mesmo à época, no século XIX. Mas o vale-tudo continua até hoje, basta ver os caminhos que parte do Judiciário percorre para julgar e condenar.
Vivemos um Estado de Exceção, onde as regras e o pacto constitucional reconhecido pela sociedade são jogados às favas. Em pesquisa recente, a população confirma não confiar nas decisões do Judiciário. O outro aspecto destrutivo é a sociedade do espetáculo, como interpretou Debord (DEBORD, 1967), que confirmava as dimensões assustadoras do império das mídias, do consumo e da mercantilização de quase tudo.
Se de fato queremos construir uma Nação, eis outra oportunidade! Acreditar num projeto de Nação construído por muitos, mulheres e homens que dizem não à violência e à subalternização, que dizem não ao genocídio da juventude negra, em particular, que dizem não à escalada de golpes que acompanham a nossa história republicana.
A abolição da escravatura e dos escravizados sempre será inacabada enquanto brancos, e mesmo não brancos, entenderem que os negros se viram! Eles dão um jeito, sempre deram! Eles são fortes! Esse é o raciocínio ardiloso do século XIX, dos donos da casa grande, que corria nas províncias e cidades, nas casas e palácios, na boca dos representantes das elites que se diziam ilustrados. Enquanto nas senzalas e aos populares livres se impunha a violência e o trabalho por até 18 horas ao dia.
E a reforma trabalhista atual, é o quê? A terceirização, o trabalho intermitente? Qual é a distância que separa o século XIX do atual século XXI no Brasil? O uso do telefone celular universal? A televisão de plasma nas residências e barracos? Ou a notícia dos seis mais ricos do país que concentram renda correspondente a 100 milhões de brasileiros? É esta a modernidade que se quer vender. O rentismo, a especulação. Pouco importa o caminho da barbárie em curso.
O que muda neste 13 de maio de 2018? 130 anos de abolição! O contexto histórico, diria um cientista social bem informado, capaz de “ler a realidade”. Não, nada mudou, se não as elites do poder real. Os pequenos avanços que impusemos nos últimos anos estão sendo varridos.
Espera-se que muitos negros e brancos saibam que está ao alcance de nossas mãos outra oportunidade de dar mais um passo firme para a superação da abolição inacabada.
No século XVII, a República Palmarina já anunciava que a luta seria dura! A ela e a Zumbi dos Palmares, a Dandara, dedicamos o dia 20 de Novembro. Consciência negra significa pensar a nossa identidade comunitária nacional, as maiorias, o projeto de Nação.
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